Letra e Música – José Mário Branco
Arranjo – Ward Swingle
Nas margens
Deste rio atormentado
É que está dependurado
O nome do meu país
Mistura
Entre a fuga e a procura
Entre o medo e a loucura
Que estão na minha raiz
Meu Porto
Muito mais vivo que morto
Tu recusas o conforto
De quem está morto de vez
Por isso
Eu te mando este recado
Porque vivo atormentado
Como o rio
Como o rio que te fez
Daqui houve nome Portugal
Aqui está tudo bem e tudo mal
Meu Porto, és o carinho que me tenho
És a ponte de onde venho
Entre o mar e o quintal
Criança
Ris e choras de seguida
Mesmo quando a tua vida
É o assunto da anedota
Sentir
É o teu modo de existir
E és capaz de mentir
Só p'ra não fazer batota
Meu Porto
Revoltado e penitente
Invicto p'ra tanta gente
Só por ti és derrotado
Nas margens
Do rio que te desflora
Há um vulcão que demora
E dorme sempre acordado
Daqui eu fui embora sem vontade
Aqui eu renasci p'rà liberdade
Meu Porto, deixa-andar, nunca-fiando
Que me dás de contrabando
A alegria e a saudade
Sonoplastia – Canto Nono
Indicativo RDP-Antena 1
Citação de NA MINHA CAMA COM ELA, canção de Mónica Sintra
Citação de SOMEONE TO WATCH OVER ME, de Ira Gershwin&George Gershwin
SOUSA MEDLEY, arranjo de Ward Swingle sobre marchas de John Philip de Sousa
Indicativo TSF
Gingle RIBEIRO CRISTÓVÃO, da Rádio Renascença
Citação da MARCHA FÚNEBRE, de Frédéric Chopin
L’AMORE INDUSTRIOSO (Abertura), de João de Sousa Carvalho, arranjo Ward Swingle
MISSÃO IMPOSSÍVEL, de Lalo Schiffrin, arranjo de Gabriel Shabbtai Rutman
Citação do BOLERO, de Maurice Ravel
Citação parodiada de O ELIXIR DO AMOR (“Una furtiva lacrima”), de Gaetano Donizetti
Citação da CARMEN (“L’amour est un oiseau rebelle”), de Georges Bizet
Citação da VALQUÍRIA (“Cavalgada”), de Richard Wagner
Letra e Música – José Mário Branco
É no calor do estio aceso
Que eu fico preso
Preso meu passo
Tudo que faço
É o abraço em que me aqueço
É o sol
O solo
No calor intenso
Quente, quente,
Quem não sente
O calor do chão não mente
Terra, casa da gente
Frutos da terra cantai comigo
Que eu não consigo
Dar-me sozinho
Vou de passinho
Em busca de um amigo
É o sol
O solo
Diz o que eu não digo
Quente, quente,
Quem não sente
O calor do chão não mente
Terra, casa da gente
Letra - Germano Silva do texto QUANDO ELES VINHAM À CIDADE (parcial)
Música - Tradicional de Trás-os-Montes, recolha Michel Giacometti´
Arranjo – José Mário Branco
Letra – Carlos Tê
Música – Rui Veloso
Arranjo – Carlos Azevedo
Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós
Rezar o terço ao fim da tarde
Só p'ra espantar a solidão
E rogar a Deus que nos guarde
Confiar-lhe o destino na mão
Que adianta saber as marés
Os frutos e as sementeiras
Tratar por tu os ofícios
Entender o suão e os animais
Falar o dialeto da terra
Conhecer-lhe o corpo pelos sinais
E do resto entender mal
Soletrar e assinar em cruz
Não ver os vultos furtivos
Que nos tramam por trás da luz
Ai Senhor das Furnas
Que escuro vai dentro de nós
A gente morre logo ao nascer
Com olhos rasos de lezíria
De boca em boca passando o saber
Com os provérbios que ficam na gíria
De que nos vale esta pureza
Sem ler fica-se pederneira
Agita-se a solidão cá no fundo
Fica-se sentado à soleira
A ouvir os ruídos do mundo
E a entendê-los à nossa maneira
Carregar a superstição
De ser pequeno, ser ninguém
E não quebrar a tradição
Que dos nossos avós já vem
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
Quando nas tílias da rua
o primeiro pardal cantar
com seus gorjeios felizes
é hora do Porto acordar
e do sol empurrar a lua
agitam-se já as Remises
Na Boavista e Massarelos
tomam-se ordens diretrizes
para bater os caminhos
lá vão eles amarelos
o Sete à Ponte da Pedra
o Um para Matosinhos
e para S. Pedro da Cova
sai o Nove do Bolhão
é mais baixo o tarifário
lá vai cheio de penduras
rebentando pelas costuras
é o elétrico Operário
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
Há um cheiro a galinheiros
alface fresca de orvalho
deslizam já os dinheiros
nos segredos do retalho
há couves-galegas e alhos
no vaivém dos carrejões
soletram-se os cabeçalhos
das primeiras edições
e logo o calão corta o ar
desta língua sem emenda
é o motor a arrancar
para outro dia de venda
Olha o Bolhão olha o Bolhão
vende peixe pão e flores
madrugador coração
patrão dos despertadores
a estrela-mãe já vai alta
os bancos abrem a porta
já o polvo está em falta
e sardinha só da morta
e quando a Baixa engrena
no seu cruzeiro diário
já o Bolhão prepara a cena
que se segue o calendário
Olha o Bolhão olha o Bolhão
vende peixe pão e flores
madrugador coração
patrão dos despertadores
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
Apeiam-se as senhoras na Baixa
seguem pela Praça vestidas de tons
condizentes com o papel da caixa
comprada lá no ninho dos bombons
socializam à espera dos maridos
burgueses de novas linhagens
que subiram na vida de entendidos
nos doutos mistérios das ferragens
na Rua do Almada logo atrás
com porta discreta pela traseira
é chique a Arcádia com os chás
que lá servem à nata tripeira
e se alguém quiser apreciar
o charme perfumado das mulheres
é só parar à porta e espreitar
por entre jesuítas e ecleres
um dia chegarão de chauffer
as ferragens vão estar na moda
e os novos Almadas hão-de ser
Belmiros e Amorins da alta roda
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
A essa hora os cafés e as confeitarias vão-se enchendo,
os ardinas gritam nomes vespertinos: Olha o Diário Popular!
Nas mesas do fundo, junto à copa, animam-se as tertúlias
dos poetas, congeminam-se planos de fuga:
Olha o Notícias do Bloqueio! Olha a Invenção do Amor!,
grita o poeta Daniel Filipe! No Majestic, sob o mais
cerrado sigilo, Nicolau Nasoni e Gustavo Eiffel
discutem projetos fulminantes e oníricos: nem mais
nem menos que os há tanto tempo adiados jardins suspensos
que um dia hão-de ligar, sobre as nossas cabeças de basbaques,
o jardim de S. Lázaro ao jardim Botânico…
O Nosso Café é a nossa tribo
tem um totem invisível sobre a mesa
para se entrar nesse clube exclusivo
paga-se uma joia de tributo à beleza
e é preciso ter perfil de anjo fumador
para entre névoa de voar mais alto
só assim se alcança o ar sonhador
que tinham os poetas do Rialto
fazendo do café sua oficina
talhadores do sonho na vigília
velando com o verbo cada esquina
regando com o olhar cada tília
murmurando orações de livros
como de segredos bem guardados
enquanto a alma tece nos arquivos
os poemas ainda não revelados
sejamos sonhadores inveterados
passemos a caneta pelos cadernos
e se os cafés têm os dias contados
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
O sino da igreja de Cristo-Rei bate as seis
de forma sepulcral espantando
a passarada de Serralves. Às portas de
Ramalde, um alfaiate viúvo sente um
calafrio na espinha e julga pressentir
breve a sua hora. Pousa a tesoura, veste
o melhor fato, e apanha o Quatro
para a Praça. Quer tomar pela última vez
um galão no Astória, engraxar os sapatos
por baixo dos bilhares do Imperial.
Acima de tudo, ter um último encontro
com uma certa Laura na Viela do Anjo.
E, no fim, comer umas papas de sarrabulho
na Flor dos Congregados. Só então,
consolado, voltará aos cortes e às medidas,
pronto para abraçar o criador…
Se meteres à Viela do Anjo
e deres com o amor venal
de dois seres infelizes
não te escandalizes
qualquer amor vale
nesse amor sem sal
talvez dum magala
em folga semanal
quase nem se fala
é o amor carnal
que há nas meretrizes
mas não moralizes
assim dum arranjo
nunca tu precises
na Viela do Anjo
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
É domingo finalmente
dorme-se até às dez
dá-se uma volta pela Foz
e ainda se molha os pés
lá na praia do Ourigo
se o mar não estiver picado
eu fico a ver não vou contigo
sabes que fico constipado
Isto nem parece o Verão
a nortada está contra nós
vamos ver uma sessão
já ali no Cine-Foz
tlim, tlim, dá cá outro beijo
não me evites por favor
Elétrico do Desejo
Marlon Brando é o revisor
mudança na tabuleta
vira ao contrário o banco
é que além de ir à tesoura
o filme era a preto e branco
vai partir o Dezassete
lá vai ele na esgalha
vamos lá picar bilhete
um de quinze prá Batalha
ai ó senhor guarda-freio
no Castelo do Queijo
deixe-me mudar a linha
é o meu maior desejo
desde que sou criancinha
vai aqui um passageiro
que quer mudar a agulha
e por uma vez ser agulheiro
Letra – Carlos Tê
Música – José Mário Branco
É domingo finalmente
dorme-se até às dez
dá-se uma volta pela Foz
e ainda se molha os pés
lá na praia do Ourigo
se o mar não estiver picado
eu fico a ver não vou contigo
sabes que fico constipado
Isto nem parece o Verão
a nortada está contra nós
vamos ver uma sessão
já ali no Cine-Foz
tlim, tlim, dá cá outro beijo
não me evites por favor
Elétrico do Desejo
Marlon Brando é o revisor
mudança na tabuleta
vira ao contrário o banco
é que além de ir à tesoura
o filme era a preto e branco
vai partir o Dezassete
lá vai ele na esgalha
vamos lá picar bilhete
um de quinze prá Batalha
ai ó senhor guarda-freio
no Castelo do Queijo
deixe-me mudar a linha
é o meu maior desejo
desde que sou criancinha
vai aqui um passageiro
que quer mudar a agulha
e por uma vez ser agulheiro
Letra – Alberto Serpa
Música – Jaime da Silva Filho
Arranjo – José Mário Branco
Nas horas em que te veja
Co’a tristeza ando de mal
Sou como o adro da igreja
Em domingo de arraial
Abre-se a tua janela
E a vida fica mais bela
Nas horas sem á-bê-cê
Três vez nove vinte-e-sete
Sou como o sol que te vê
E com quem ninguém se mete
Abre-se a porta da escola
Sai o pardal da gaiola
Lenga-lenga:
Aniki- bébé
Aniki-bóbó
Passarinho tótó
Birimbau, cavaquinho
Salomão, sacristão
Tu és polícia, tu és ladrão
Eu não quero ser ladrão
Textos – Canto Nono/José Mário Branco
Arranjo – José Mário Branco
Letra e Música – Sérgio Godinho
Arranjo – José Mário Branco
Etelvina com seis meses já se tinha de pé
Foi deixada num cinema depois da matiné
Com (um) recado na lapela que dizia assim
Quem tomar conta de mim
Quem tomar conta de mim
Saiba que fui vacinada
Saiba que sou malcriada
Etelvina com dezasseis anos já conhecia
Todos os reformatórios da terra onde vivia
Entregaram-na a uma velha que ralhava assim
Ai menina sem juízo
Nem mereces um sorriso
Vais acabar num bueiro
Sem futuro nem dinheiro
Eu durmo sozinho à noite
Vou dormir à beira-rio
À noite, à noite
Acocorado com o frio
À noite, à noite, à noite, à noite, à noite
Etelvina era da rua como outros são do campo
Sua cama era um caixote sem paredes nem tampo
Sua janela uma ponte que dizia assim
Dentro das minhas cidades
Já não sei quem é ladrão
Se um que anda fora de grades
Se outro que está na prisão
Etelvina só gostava era de andar p’la cidade
A semear desacatos e a colher tempestade
A meter-se co’os ricaços e a dizer assim
Você que passa de carro
Ferre aqui a ver se eu deixo
Venha cá que eu já o agarro
Dou-lhe um pontapé no queixo
Eu durmo sozinho à noite
Vou dormir à beira-rio
À noite, à noite
Acocorado com o frio
À noite, à noite, à noite, à noite, à noite
Etelvina já cansada de viver sem ninguém
A não ser de vez em quando nas mãos dum vai-e-vem
Pôs (um) anúncio no jornal a dizer assim
Mulher desembaraçada
Quer viver com um’ alma irmã
De quem não seja criada
De quem não seja mamã
Etelvina já sabia que não ia encontrar
Nem um príncipe encantado nem um lobo do mar
Só alguém com quem pudesse dizer assim
O amor já não é cego
Abre os olhinhos à gente
Faz lutar com mais apego
A quem quer vida dif’rente
O seu homem encontrou à noite
A dormir à beira-rio
À noite, à noite
Acocorado com o frio
À noite, à noite, à noite, à noite, à noite
Textos – Canto Nono/José Mário Branco
Arranjo – José Mário Branco
Letra – Carlos Tê/José Mário Branco
Música – José Mário Branco
Descia Sá da Bandeira
a tentar estacionar
para ir inaugurar
a Rua do Bonjardim
vem uma betoneira
direita a mim
em rota de colisão
viro o bote em direcção
à Praça de D. João
mas era um beco sem saída
tal e qual a minha vida
nada é certo nem seguro
morre de velho o futuro
há quem queira deixar obra
mas para mim é que sobra
este futuro atrasado
vem um diz: é o mercado!
vem outro: é a globalização!
um pé no chão esburacado
outro no meio da lama
quem é não sei,
só sei
que alguém me anda a fazer a cama
“Pr’inzemplos”:
Junto ao Rivoli vejo um letreiro:
perdão pelo incómodo
a cidade está primeiro
é a requalificação!
- requalificação?
essa palavra dá-me cá um flashão
fico em plena reflexão
tenho uma iluminação
vejo a Europa mesmo à mão
sinto-me em franca progressão
no meio deste barulho
acabou-se o sarrabulho
da Flor dos Congregados
acabaram-se as sandes de panados
a costeleta de sardinha
o petisco de tripinha
e os peixinhos da horta
a Europa já entrou por esta porta
eu, que sou tudo e sou nada,
já não quero comer mal
- é bem!
vou domingo ao Imperial
que Deus tem
p’ra curtir carne picada
com quètchupe e com mostarda
é a requalificação
da minha alimentação
- fézada!
quem diria!
tudo na mesma arca
tudo com roupa de marca
- fézada!
retocar a frontaria
como na Cordoaria
e ser um homem novo, renovar o oxigénio,
resumindo e concluindo
entrar lindo no milénio
- resumindo e concluindo:
re-qua-li-fi-car, é lindo!
Porto bai naite
Porto bai dei
requalifica-te tu
que eu me requalificarei
meto a Santa Catarina
pinto a fachada dos Pintos
com um “blaze” da Boss
e uma calça do Armani
como é que posso armar-me
se compro na Maconde
e as minhas requalificações
são em suaves prestações?
viro à esquerda à Trindade
vejo a Micas de olhar cansado
então como vai o granito?
vai duro muito obrigado
as pedras conheço eu
as pedras olham p’ra mim
com um sorriso amarelo
esboroadas
alinhadas
em carrerinhas sem fim
e sendo mulher perdida
vejo a vida em paralelo
porque um dia aconteceu
que vim servir de criada
agora, eu já não sou eu
no túnel da minha vida
que por hora é só entrada
há-de haver uma saída
quem pára nesta estação
não tem requalificação
penetro e sou penetrada
meretriz tuneladora
à espera dum amanhã
entre a Trindade e Campanhã
eu fui requalificada
muito antes da calçada
- é bem!
requalificação?
só então caio em mim
e constato o facto
de estar fora do acto
não há Benetton que me pinte
pois a minha cotação
não consta do Psi-vinte
- resumindo e concluindo:
re-qua-li-fi-car, é lindo!
Porto bai naite
Porto bai dei
requalifica-te tu
que eu me requalificarei
já que é assim, requalifico
fumo mais um pico
e até a luz do Outono
me há-de parecer Paris
o Aleixo
o Cerco e o Lagarteiro
vão tomar
banho numa tina de verniz
o lindo verniz que pinta
as unhas da sociedade
muito verniz, pouca tinta
em nome da liberdade
é nos bairros camarários
que definham os salários
mas que mal é que isso tem
se o euro já aí vem
- é bem!
dez cêntimos de fachada
trocados por votos valem cem
fica requalificada
a gaiola dos coelhos
e o Bonfim não sai da beira
de São Roque da Lameira
e os novos que já estão velhos
podem ficar com a basófia
droga dura, dura bófia
linha de circunvalação
São Vítor e Aldoar
João de Deus e Campinas
tudo a requalificar
pó de talco pelas narinas
- é bem!
ir à Ribeira
beber um copo, jantar
mandar os nativos pastar
lá para Gondomar
pôr no Cubo uma portagem
só entra gente bonita
é preciso boa imagem
o arrumador a arrumar
quem pode pagar, no bar
caneca atrás de caneca
engatar uma boneca
e depois de vomitar
a solidão na retrete
abanar o capacete
no inferno da discoteca
curte-se Malboro laite
troca-se a poeira do Porto bai dei
pelo pó do Porto bai naite
por um momento direi
sou rei, sou rei, sou rei
que nada me distraia
da gandaia
- resumindo e concluindo:
re-qua-li-fi-car, é lindo!
Porto bai naite
Porto bai dei
requalifica-te tu
que eu me requalificarei
Letra e Música – José Mário Branco
Arranjo – Ward Swingle
Nas margens
Deste rio atormentado
É que está dependurado
O nome do meu país
Mistura
Entre a fuga e a procura
Entre o medo e a loucura
Que estão na minha raiz
Meu Porto
Muito mais vivo que morto
Tu recusas o conforto
De quem está morto de vez
Por isso
Eu te deixo este recado…
Letra e Música – José Mário Branco
Arranjo – Ward Swingle
Nas margens
Deste rio atormentado
É que está dependurado
O nome do meu país
Mistura
Entre a fuga e a procura
Entre o medo e a loucura
Que estão na minha raiz
Meu Porto
Muito mais vivo que morto
Tu recusas o conforto
De quem está morto de vez
Por isso
Eu te deixo este recado…