O CANTO NONO iniciou a sua atividade em fevereiro de 1992. Inserido na tradição da música a capella, é formado por oito cantores (quatro vozes femininas e quatro vozes masculinas).
Em 1993, o CANTO NONO dinamizou e participou em dois seminários com Ward Swingle, fundador, na década de sessenta, do grupo Swingle Singers,. O trabalho realizado com este músico foi determinante para a evolução do octeto, que continua a manter, no seu reportório, obras da autoria de Ward Swingle, algumas das quais foram elaboradas propositadamente para o CANTO NONO.
Na sequência deste trabalho foi ainda editado pelo Jornal “Público” e lançado comercialmente, em maio de 1997, o primeiro registo discográfico do CANTO NONO.
Em 1998, a primeira faixa deste CD, “El Paisanito”, foi nomeada para prémio de melhor interpretação, na categoria de “Folk/World Music” , pela CASA (Contemporary A Capella Society of America), uma associação americana que congrega grupos vocais de todo o mundo. Este tema foi ainda incluído numa colectânea com as melhores gravações de música a capella desse mesmo ano, e na qual se integram, além de outros, nomes como The King’s Singers, The Bobs ou The Concordia Choir.
Experiências musicais diversificadas levaram-no a gravar a banda sonora da autoria de Jorge Constante Pereira «Furnas/Uma visita», uma instalação de Ângelo de Sousa;
A fazer o suporte vocal do espetáculo de rua «Queima do Judas» organizado pela Câmara Municipal do Porto;
A integrar a peça de teatro «Mais Mar Houvesse» com encenação de João Paulo Seara Cardoso e música de Jorge Constante Pereira e a peça «Hamlet Machine», criação e direção de Isabel Barros e João Paulo Seara Cardoso com música de Roberto Neulichedl;
A participar nos discos de João Loio, Jean Sommer, Sérgio Godinho e no CD «Uma outra história» editado pela FNAC para o Dia Mundial da Música;
A participar na banda sonora do filme «A Raiz do Coração» de Paulo Rocha, com música de José Mário-Branco;
Fazer a parte coral da ópera «Cosi Fan Tutte», com direção de Bertrand Brouder e encenação de José Ramalho;
A participar no espetáculo de Rui Veloso na Avenida dos Aliados no Porto, com o tema “Porto Sentido”, arranjo de Diana Gonçalves.
O CANTO NONO produziu ainda o espetáculo «Sons do Porto – A Cidade a oito vozes», com Direção Musical de José Mário Branco e textos de Carlos Tê, Germano Silva e Manuel Pina, entre outros, esgotando todas as representações realizadas;
A faixa «Etelvina» de Sérgio Godinho e arranjo de José Mário Branco recebeu o prémio de «Best a cappella jazz song», promovido pela CASA;
O CANTO NONO tem realizado concertos por todo o país e estrangeiro, nomeadamente na Alemanha, Espanha, Holanda e Macau, de onde se destacam a participação no Festival de Artes de Macau, o concerto «Viagem ao Mundo das Vozes», integrado no projeto MÚSICA PARA TODOS, o concerto no Concertgbau de Amesterdão e o espetáculo «2012 FM STÉREO» no Rivoli Teatro Municipal;
O reportório do CANTO NONO é tradicionalmente a capella. No entanto, o seu trabalho integra também projectos com instrumentistas de Jazz, nomeadamente Carlos Azevedo, António Augusto-Aguiar, António Ferro, Quiné, entre outros, em Concertos de Homenagem a Gershwin, promovidos pela Delegação Regional do Norte do Ministério da Cultura, no Festival de Jazz de Estremoz e no projeto «Musicalidades – Encontros Musicais de Montemor-o-Novo»
O CANTO NONO apresenta neste momento um espetáculo sobre a obra de José Mário Branco, que incluem canções em que é autor da letra, da música ou criador dos arranjos, ele que foi diretor artístico do grupo entre 2000 e 2019.
FORMAÇÃO
Dalila Teixeira, Joana Castro, Diana Gonçalves, Daniela Leite Castro, Lucas Lopes, Jorge Barata, Rui Rodrigues e Fernando Pinheiro
Considero de grande qualidade técnica e artística o trabalho que o Canto Nono tem desenvolvido nos últimos 30 anos no âmbito da música à capella. A estreita e prolongada relação do grupo com José Mário Branco – figura maior da história da música portuguesa – permite apresentar uma proposta aliciante, com garantia de qualidade necessária para ouvirmos a(s) voz(es) inteligente, interventiva, sagaz e bela do José Mário.
Quando soube do novo projecto do Canto Nono, não pude deixar de pensar desde logo no importante que é ele poder concretizar-se no momento histórico actual. Um grupo que canta "a cappella", com o despojamento e a coragem que isso significa, pegar num dos legados mais "transgressores" da Música Portuguesa – a obra de José Mário Branco.
Há uns anos, quando assisti aos Canto Nono, lembro-me que pensei que devia haver mais coisas assim em Portugal.
Com a esperança de que um dia o país tivesse este nível de criatividade e competência.
Vim cheio e maravilhado!
Continuo com esperança…
Longa vida ao Canto Nono;
Abraços portuenses!
Com este espetáculo, pretende o Canto Nono, a partir de canções, letras e arranjos de José Mário Branco, chegar aos confins da Música para inquietar e fazer perdurar a memória artística do Mestre. Que feliz e profundo veículo musical para não deixar cair no esquecimento uma obra tão ímpar! Que reencontro tão promissor, agora no território em que a Vida e o Amor vencem a própria Morte – que, afinal, "nunca existiu"!
Inútil querer separar as águas do Canto Nono e do Zé Mário Branco. Mas mais do que amizade, falo da admiração pelo Canto Nono. Por tudo que fizeram e do que estão a propor, agora. As canções do Zé Mário como um ponto de partida, de mar alto e inquietação, de viagem continuada, até aportar numa outra margem, de certa maneira.
Pode haver melhor proposta?